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"A respiração contínua do mundo é aquilo que ouvimos e chamamos de silêncio."
(Clarice Lispector)
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O mundo se recompõe diante de meus olhos quando estes descobrem que o vazio não passa de ilusão.
A verdade - se é que algo merece este status - é que espaços vazios não existem.
Creio que os olhos de quem me lê - acostumados a enxergar o nada - reclamam agora desta ousada afirmação:
"Olha - devem estar dizendo - até tu tens teus buracos!"
Pois que os tenho não nego, mas olha-os bem: não são vazios.
Preenchidos de falta, meus buracos me compõem.
Às vezes, aquilo que me falta é o que eu tenho de mais denso.
Olha bem os buracos do mundo e encontra aquilo de que são preenchidos.
Repito, os vazios não existem!
Tudo é uma coisa só,
e respira em uníssono silêncio.
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