"E criarão artes numerosas, e terão sumos artistas
e jamais
alcançarão a única arte que implantei no Éden
-a arte de ser biologicamente
feliz."
(Monteiro Lobato)
"Para o ser humano, viver é pouco."
(Céu)
Lembra-te da lição dos lírios:
"Basta a cada dia o seu próprio mal".
Vive cada dia e, nos intervalos, morre.
Morre e deixa que morram todos aqueles que não são teus
- e morrerão todos.
- e morrerão todos.
Não, tu não és o dono e proprietário.
Deixa que levem teus bens.
Antes, havia o medo
da fome,
e de não haver, chegada à noite,
abrigo para o sono.
Hoje, persistem o medo
da fome
e o medo de não haver,
chegada à noite,
abrigo para o sono.
E a eles se unem o medo de que a História não termine bem,
de que a perfuração da Terra alcance o centro,
de que o foguete estoure a Lua,
de que céus e vulcões se voltem contra nós.
Não te inquietes,
nada haverá de mais terrível que o dia de hoje,
e a persistência da fome, do sono e da morte,
que eternamente nos salvará.
Tem fome: come.
Tem sono: dorme.
Recebe a vida: morre,
e deixa que os mortos enterrem seus mortos.
Lembra-te da lição dos lírios:
nasceste do gozo de teus pais e da morte de teus avós.
nasceste do gozo de teus pais e da morte de teus avós.
Terminado o carnaval,
te despirás da fantasia:
nasceste pó, alimentaste o pó e
ao mesmo pó de todos os lírios, em um destes dias
- sem fome e sem medo -
tu haverás de tornar.