quarta-feira, 1 de julho de 2009

Autofágico

.
"De corpo todo homem é uno; de alma, nunca."
(Hermann Hesse)
.
Planto as mudas que recolho de mim em solo árido.
Enterrado,
não broto.
.
Atravesso a tribo trazendo cesto vazio,
como fica vazio um prato raso sobre a mesa.
.
Distraídos com o que os alimenta, não reparam a escassez que transborda de mim.
Recolho-me a casa, faminto e sedento.
– Não à água;
não ao pão.
.
Debruçado sobre meus joelhos,
sugo o sangue que esvai
das solas feridas de meus pés.
...

3 comentários:

Raquel Zanelatto disse...

A demora para a postagem veio por falta de epígrafe...Há apenas um texto neste blog que não epigrafei, e depois descobri em Hesse a frase perfeita. Desta vez, arrisquei com o mesmo autor, mas não estou contente. Aceito sugestões!

kelly guimarães disse...

meu anjo,
estava fuçando cadernos alheios e achei seu blog muito bom e não sabia que vc era vc. a epígrafe é boa.deixa ser.
beijo
tanto quanto gosto de vc

-d.c.- disse...

...e o caminho se faz de ausência em ausência: de pão, de água... e você(?)