segunda-feira, 27 de julho de 2009

Tempero

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"Para ser grande, sê inteiro:
nada teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa.
Põe quanto és no mínimo que fazes."
(Fernando Pessoa)

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De nada que há em mim, desfaço.
Aproveito cada gota deste sangue, cada centímetro desta pele e cada grânulo desses ossos que insistem em sustentar-me.

Ingredientes de meu corpo, bato-os à mão a fim de que se tornem massa homogênea, mas...oh!
não sou massa de pão: sou sangue, pele e ossos - sempre.

Esse meu ser de tantas espécies já deu-me nojo.
Hoje degusto esse caldo que sou, ainda que seu aspecto me ponha medo.

De nada que há em mim, desfaço, e sinto em cada parte, o sabor daquilo que me tempera:
meu desejo.
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2 comentários:

Fernanda Monte disse...

Admirável!

-d.c.- disse...

do nada que se te desfaz, nasce algo que te torna existência (testemunhos do acontecimento): contrução que nasce dos escombros.