quinta-feira, 5 de junho de 2008

Anunciação

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"Tu vens... Eu já escuto os teus sinais..."
(Alceu Valença)
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Há o tempo da espera e o da chegada: entre eles há a anunciação.
Há o tempo em que se fica sentado na estação, às vezes saboreando um livro, às vezes namorando um tédio ou apenas se irritando com a demora do trem e há o tempo em que o trem pára e abre suas portas. Entre estes dois há um trem chegando, ainda ao longe e há pessoas que se agitam sobre a plataforma pois já o avistaram, ou o ouviram, ou o pressentiram...
Esse é o tempo mais delicado, o tempo em que as portas do palácio se abrem e as trombetas tocam...nem o Rei sabe quem virá. Mas alguém virá e isso é certo.
Esse é o tempo em que o anjo entra e acorda o profeta.
Antes havia só a fé e depois haverá a profecia.
Apertem os cintos...que ruflem os tambores...o próximo!
A espera acabou e eis que os presentes se anunciam. Mas que barulho é esse? Quem é que está por trás da porta entreaberta? De quem são esses passos que...?
Tu vens... e eu já te escuto, mas ainda não sei quem és.
Chegou a minha vez, ou talvez só mais uma nova vez no meu caminho.
Meus ouvidos atentos já conhecem a tua presença. Olhos e mãos sempre tem que esperar um pouco mais...e nós somos só olhos e mãos...
A espera foi longa mas o triste é esperar sozinho. Agora eu já tenho teu sussurro e teu perfume para me fazerem companhia.
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2 comentários:

-d.c.- disse...

poesia pura! e sem a secura de qualquer parnasianismo barato. vida: j'aime d'ici!

d.

Raquel Zanelatto disse...

j´aime aussi!